“Deixai toda a esperança, ó vós que entrais!”... assim começa a minha viagem pelos nove aneis do Inferno...
Caminhei ignorando aquelas palavras... de início não me dei conta de onde estava mas continuei sem olhar para trás pela mão de Dante.
À medida que avançava o caminho tornou-se mais dificil e doloroso, o ar irrespirável, ardiam-me os olhos e a garganta, a cabeça latejava, ansiava apenas por uma gota de água, percorri cada passo dolorosamente e acreditem que vi outros espectros, muitas outras almas como eu.
A dor era tudo naquele mundo, o desespero tomava conta dos nossos corpos, desacredita-se a vida, perdem-se as forças e chegamos ao mais fundo do pior da condição humana, mas a esperança, essa nunca fica á porta, a fé vai dentro do coração e a força na alma.
Atravessei os nove aneis, dormente, adormecida, sem saber bem como consegui chegar ao centro, mesmo julgando não ter mais forças aguentei ultrapassando todo o meu limite.
Agora parti do centro, onde me recusei a ficar, faço a jornada de forma inversa e sempre pela mão de um amigo alado que me faz lembrar a todo o instante que a esperança, a fé e a força da alma sempre estiveram comigo.
O caminho é longo, dificil e tortuoso mas a cada dia que passa o centro, o nono anel fical mais distante relembrando as outras almas que comigo sofreram e ainda sofrem a mesma jornada.
Já quase vislumbro o céu azul, sinto a temperatura amena e o cheiro a Primavera que me esperam para lá do infernal portal, cada passo que dou nessa direcção é sem dúvida mais forte, mais firme e mais convicto.
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