sexta-feira, 15 de abril de 2011

Guerreiro Glorioso



Partiste repentinamente e levaste contigo parte da minha alma, concerteza outras batalhas te chamavam e tudo se vestiu de silencio...
Subitamente ouvi algo familiar, uma voz que chamava o meu nome, os meus olhos pousaram no teu doce sorriso e a tua voz é melodia de encantar...
Procuro ainda reconhecer o teu olhar...
As tuas palavras alegres ecoam dentro de mim como ondas suaves de um lago em repouso, é ternura, é carinho... vindo do guerreiro forte que se torna menino perto de mim...
É saudade, é lembrança, é a nova descoberta de quem somos...
Anseio voltar a ouvir-te, ver o suave vislumbre do teu olhar que me embaraça, a cumplicidade de todos os momentos, o silencio de quem mesmo assim se ouve e se entende.
Quero ver o teu sorriso sincero, rir contigo, rir de ti, rir de nós sem maldade sem malícia, do que fomos, do que somos...
Porque o resto do mundo, nesse instante não existe como não existia então...
Recordaremos e teremos tanto ainda por dizer ou apenas calar e deixar o olhar falar...

Esperei o retorno do Guerreio Glorioso...


“Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.”

Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Espectro


 “Deixai toda a esperança, ó vós que entrais!”... assim começa a minha viagem pelos nove aneis do Inferno...

Caminhei ignorando aquelas palavras... de início não me dei conta de onde estava mas continuei sem olhar para trás pela mão de Dante.
À medida que avançava o caminho tornou-se mais dificil e doloroso, o ar irrespirável, ardiam-me os olhos e a garganta, a cabeça latejava, ansiava apenas por uma gota de água, percorri cada passo dolorosamente e acreditem que vi outros espectros, muitas outras almas como eu.
A dor era tudo naquele mundo, o desespero tomava conta dos nossos corpos, desacredita-se a vida, perdem-se as forças e chegamos ao mais fundo do pior da condição humana, mas a esperança, essa nunca fica á porta, a fé vai dentro do coração e a força na alma.
Atravessei os nove aneis, dormente, adormecida, sem saber bem como consegui chegar ao centro, mesmo julgando não ter mais forças aguentei ultrapassando todo o meu limite.
Agora parti do centro,  onde me recusei a ficar, faço a jornada de forma inversa e sempre pela mão  de um amigo alado que me faz lembrar a todo o instante que a esperança, a fé e a força da alma sempre estiveram comigo.
O caminho é longo, dificil e tortuoso mas a cada dia que passa o centro, o nono anel fical mais distante relembrando as outras almas que comigo sofreram e ainda sofrem a mesma jornada.
Já quase vislumbro o céu azul, sinto a temperatura amena e o cheiro a Primavera  que me esperam para lá do infernal portal, cada passo que dou nessa direcção é sem dúvida mais forte, mais firme e mais convicto.